Colaboradores

terça-feira, 8 de julho de 2008

Delirius tremens

O grito que eu dei pra me acordar me pôs um sonho na boca
Abri os olhos de cantinho
só pra certeza de que era mesmo dele esse gosto

Batia raio de sol da manhã
Resmungava vento na janela
E eu dormia

Ele na minha boca vertendo esse gosto bom de vida
O grito já longe espiando da janela
(aqui dentro gritava um sussurro de agonia próxima)

E eu dormia

O corpo dele me ninando embalando o meu
me apontando as pertinências todas da vida
Pra que viver senão esse sonho dele?

Eu toda adormecida
nem vi que o dia andava longe e sinistro
carregando já meus desencantos

Foi ficando um gosto estranho na boca
O sol alto formigando o corpo
O grito e o vento batendo na janela

Hum, tão cedo ainda...

Fecha essa cortina que o dia é lindo aqui dentro
Não me digam nada
que eu não nasci pras verdades

Deixa eu sonhar que vivo