Colaboradores

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dores mudas

Minha angústia são os eucaliptos
Agitando-se ao longe na janela
Também ninguém ouve meu grito
Que o vidro da rotina abafa

Eles gritam uns aos outros
Uma dor única e mútua
Que já não me agride
Só me desconforta

O outono tem sido assim

Enquanto minhas folhas caem
E o cinza se torna uma sombra inteira
As coisas vão ficando frias
Como os musgos e as samambaias

Na primeira vez que os eucaliptos me acenaram
Da janela aberta tomei um susto
Aquele farfalhar no vento era um dor
Desesperada como a minha

Acostumei-me a vê-los
Acenando ao longe seus longos braços
Fria como quem espera e sabe
Nem digo aos eucaliptos que o inverno vai chegar