Colaboradores

quarta-feira, 23 de março de 2011

Lenha


Teus sons pela casa me excitam
Teus pés pisando a madeira
Eu queria beijar teus pés
Tuas mãos tilintando as coisas
Eu queria tuas mãos nas minhas coisas

Vais secar o chão e colocar as coisas nos lugares
Eu queria que tu cuidasses das umidades minhas
E me tirasses do meu lugar

Há uma aranha na parede, eu digo
Teus pés vêm pela escada
Tuas pernas
Tu vens inteiro de cenho franzido
(tua contrariedade sempre me excita)
Eu te aponto meus temores
Morta, dizes, está morta

Milhões de anos se passaram
O instinto e esta fome
Que direciona meus olhos e meu corpo na tua direção
São tão selvagens como o medo

Este desejo cru
De te saber este homem
O dono da casa
Eu queria tu dono de mim agora
Mas vou fazer o almoço
as feras estão mortas
o dia nublado e a cama ainda está desfeita